Minhas Poesias





Estações

Uma árvore.Vida.
Raízes abscônditas dependentes da límpida seiva do amor.
Liberdade de folhas que movem-se ao sopro do zéfiro perene.
Pigmentos que realçam a beleza cintilante do verde vivo.
Invernos que regam o solo ressecado permeável às gotas que vêm do céu.
Galhos tíbios aquecidos pelo sol do verão.
Folhas secas ao chão deixam-se arrastar na direção do sopro do vento impetuoso,
Abandono de outono.
Flores adornadas por espinhos surgem na primavera como prova resplandecente da beleza do viver.
O tempo colhe frutos maduros...

Kilvânia B. Gomes

Embate


Detido nas muralhas de ferro,
defronta-se com o receio de transpor.
A companheira distância é metódica
e o badalo não permite o soar
de espaços desmedidos.

Agonia vermelha da alma.
Corpo rígido, embalsamado.
Estátua imóvel que não consente.
Íntimo querer paralisado.

Tua força imponente na batalha
constrói as armas necessárias
para se esquivar do que te desloca.
Fuzis apontados, escudos de defesa.

O muro é teu subterfúgio.
Guardas vigiam os ruídos interiores,
pagam o preço da tua exaustão.
Contratura consistente, encarcerada.

Teu olhar altivo não admite o tombo.
Durante o dia, não permites o entorpecer
e ainda de noite, não descansas.
Até quando resistirás?

Kilvânia B. Gomes

Confluência

Palavras desnecessárias.
Vida intensa sussurrando efemeridades.
Me calo, para ouvir, sentir, perceber.
Encontro comigo, e em mim, meu Deus.
Me lanço num laço, enlaçada peço silêncio
Me perco no encontro, me encontro na busca
Redescobertas solvidas na vida.
Acordes dissonantes acordam a música
Perguntas sem respostas, respostas sem perguntas
Espera taciturna, sentimento fundo.
Tarde alaranjada que se despede.
À noite, minha companheira é a lua.
Circulo branco a me envolver.
Olhares sossegados cintilando o mar.
Resquícios do porvir.

Kilvânia B. Gomes


Afinidade


Estradas concorrentes do Amor.
Estimável e singular magnificência.
Esquina marcada de conjuntura real,
selada pelo contato de forças empáticas.
Encontro homogêneo de nuances diferentes.
Fragâncias de igual riqueza.
O fulgor dos olhos clareia a outra retina,
que exala a essência de ser.
Personalidades distintas, características peculiares.
Histórias vividas tornam-se pegadas que se revelam em atos.
Sorrisos e lágrimas traduzidos sem palavras.
Almas vindas de raízes desiguais moldadas pela artística destreza.
Análoga composição sintônica de uma pauta melódica.
Necessidade do que compõe o outro eu.

Olhos que fitam o mesmo horizonte como meta.

Intercâmbio de experiências entrelaçadas por partilhas do viver.
Âmagos que conhecem numa afirmação responsável pela intimidade.
Liberdade de escolha na edificação de uma dádiva que traz frutos maduros.
Ritmos de afinidades harmônicas,
que no conviver transformam-se em sonoridades afinadas.

Kilvânia B. Gomes

Rosas

Jardim sem rosas é vida sem vida
Mil dias sem pétalas, sonhos desvanecidos
Quando findar o dia, o sol se oculta
E não aparecerá cedo se não há rosas

O mistério se esconde em sua presença
Na ausência do mistério, descolorirá
O botão é certeza a se revelar
Se não há sementes, dias sem cor

Quando no solo germinar, beleza escondida vai se revelar
Invernos rigorosos anunciam sua chegada
Cuidados confiados no cultivo para desabrochar
Quando surge esplendorosa, o regar é cativar

Kilvânia B. Gomes

Teu sol

Que vontade de estar, mas não estou, sou.
Em meio à dor, a alegria encontra morada no interior daquele que ela reside.
Alegria dorida de quem oferta um perfume único,
certa de que ele chegou nas mãos de quem formulou sua substância.
Voz grave que ressoará nos sentidos até a despedida do meu sol,
quando se encontrará com o teu.
No íntimo, a certeza desse encontro
e o que está dentro é vida que se funde na essência.
O pôr do sol deixa nuances alaranjadas,
resquícios dos raios que brilharam durante o tempo do teu dia.
Ele deixa suas marcas iluminando histórias
agora vestidas de luto em diversos tons de azul.
Detalhes que não se olvida com o nascer do sol ,
porque o sol que era teu já se despediu.

Kilvânia B. Gomes

Peixe de aquário

O movimento impulsiona o seu ritmo.
Guelras delgadas deslizam sobre a água.
Anunciam sua forma delicada.
Leve expressão que sobrevive aos cuidados do seu criador.
Vida vivente, sobrevivente.
Efêmero cenário ornamentado.
Sabe que o seu espaço é delimitado.
O vidro, transparente.De onde ele vê o mundo.
Continua querendo ser o que é.
Peixe de aquário.
Nadadeiras intrínsecas, impulsivas.
Porém sendo o que é não vai para longe.
Continua querendo seu lugar.
Demarcado e livre.
Contradição da existência.
Beleza que se funde com o azul da sua essência.



 Kilvânia B. Gomes

Diálogo

Tuas virgulas, teu ponto final e tuas reticências...
Tuas exclamações e interrogações?
Gostaria que usasse mais travessões
Assim me escutarias também
Gosto de dialogar contigo
Se hoje não compreenderes...espera
Verás que amanhã tudo fará sentido
Te peço silencio para ouvir as respostas
Conheço todas as tuas reticências...
E sempre vais perceber o que eu te digo sempre:
Te amo.Ponto que não tem fim..................






Kilvânia B. Gomes





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