quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Semáforos da vida


Quero o sinal verde do semáforo quando me deparo com o vermelho.Vou freiando a vida querendo ultrapassar os limites. Decisões custam caro, subitamente o semáforo muda de cor: amarelo. Pensamentos, decisões da vida, ultrapassar pode me custar muito. O que me espera pode me esperar? Meu ritmo é só meu, de mais ninguém. É minha verdade, quero vivê-la. Às vezes a espera taciturna está na minha frente como fonte do que preciso hoje. Quero as verdades das cores de ser humana. Quero viver querendo não entender como diz Clarisse Lispector: “Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento. Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Eu sou uma pergunta.” Isso é amarelo,o depois,rubra espera.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Reticências


...
Palavras inexistentes
O que trago comigo: três pontos
Reticências doridas
Reticências de amor
Reticências da vida
...
Em cada ponto um infinito
No finito tempo que passa
sem deixar passar o que está fincado
A esperança, companhia do que não se diz
...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Estradas


Encontro é lugar do humano amor que no desconcerto, conserta. Vida confiada, revelada. Não posso amar o desconhecido; é preciso coragem de dobrar esquinas, atravessar as avenidas do amor, sem pressa, com o cuidado específico de tocar o profundo e prosseguir na descoberta. O amor conhece. Verdades, mentiras, conquistas, derrotas, virtudes, limites...
Só o amor acolhe as desventuras do caminho, e se aventura amando o que se dá a conhecer.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Confluência


Palavras desnecessárias
Vida intensa sussurrando efemeridades
Me calo para ouvir, sentir, perceber
Encontro comigo, e em mim, meu Deus
Me lanço num laço, enlaçada peço silêncio
Me perco no encontro, me encontro na busca
Redescobertas solvidas na vida
Acordes dissonantes acordam a música
Perguntas sem respostas, respostas sem perguntas
Espera taciturna, sentimento fundo
Tarde alaranjada que se despede
À noite, minha companheira é a lua
Circulo branco a me envolver
Olhares sossegados cintilando o mar
Resquícios do porvir.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Silêncio



Escolha peculiar do amante
Rasgos de histórias que calam
Vida pulsando no seio do rio que corre
fertilizando terras remanescentes

Amparo do que turva águas mescladas
por divergentes heterogêneos
Tom de calma no seio da turbulência interior
tornando pacífico o desencontro

Tela em branco disposta a deixar-se desenhar
para expor em tempos vindouros o contorno
do que antes era sombrio...


"Hoje eu não sei dizer. Só sei sentir. Há dias em que as palavras não são capazes de traduzir o sentimento. Bom mesmo é ser compreendido, mesmo quando não sabemos dizer..."
Amar é uma forma de crer em silêncio!" Pe Fábio de Melo

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Torrentes



Os dias são cheio de sabores e de ondas. Minha vida vem em ondas como aquela música que diz: “a vida vem em ondas como o mar, no indo e vindo infinito...” Ondas fortes, devastadoras, que quebram, como se quisesse despencar de um abismo. Quebram e se refazem, recomeçam e impulsionam a formação de outras. Ondas sem vigor, pequenas, desanimadas, que deságuam, sorvidas na areia. A vida vem ondas, incansáveis ondas, fadigadas ondas, intermináveis, espumosas. Água salgada ou doce? Um riacho ou um rio cheio de afluentes? Muitos sabores, muitas águas.
Águas mescladas de vida em movimento. Um dia, na praia, me vi sendo levada por uma onda, ela, gigantesca, eu, rolando, sem forças. Achei que ela ia me afogar. Subitamente, uma mão, era meu pai. Não deixou a onda me engolir. Eu era criança, porém, na memória ainda residem os resquícios daquele instante. Uma onda, uma mão de pai.
Meu pai humano.A vida, em ondas...
O mar, intensidade de águas que deságuam em mim.

sábado, 25 de outubro de 2008

Movimento da vida


As estações são definidas de forma singular. Eu experimento assim. Na minha vida há verão, inverno, outono, primavera. Tenho que passar por elas submetendo-me ao tempo atual. Elas sempre passam, são as mesmas, mas não surgem da mesma forma. O verão do hoje já não é o mesmo de outrora. Os raios são mais tênues ou mais cálidos, na medida do que eu preciso. As estações são diferentes, algumas me trazem dor, humana dor, necessária para vida, para as estações vindouras. Faz parte dos mistérios dolorosos. É inerente ao existir, necessito do sofrimento, ele é típico de quem deseja amar. Dor e amor são faces de um mesmo tecido, da mesma teia que compõe o ser humano. Depois dos mistérios dolorosos sempre vêm os mistérios gloriosos, com sabor de fruta madura, exposta a estação que se sucede.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Esperança


Um dia de sol e frio. Contradições de São Paulo, também de mim. Simplesmente direcionei a câmera ao que estava na minha frente e capturei essa imagem. Cenário por onde passei e que passou por mim. Parque da cidade, pessoas à procura de calmaria, de encontros, da natureza. Eu não procurava nada. Fui levada, porém encontrei sem procurar. Revelação de Deus escondida nas nuances estampadas, revestidas predominantemente de verde pigmentado de esperança. A surpresa dá um toque de assombro. Naquele dia, quis registrar numa câmara o cenário que eu vislumbrava, porém os registros mais significativos, foram consignados em mim. A própria esperança me esperava acompanhada de vida simples, de amigos, do sol cintilando nas águas de um lago, sorrisos. Isso É. E continuará existindo. Atravessa o tempo e permanece na memória.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Anúncio


Hoje meu compasso é breve, na medida do tempo que anuncia sua chegada. Vou no compasso do meu tempo, experimentando perguntas sem respostas. Outono. Folhas que caem copiosamente dos galhos dos meus passos. Folhas que vão ao chão,lançadas ao encontro do que as espera. Vento que sopra impulsionando o que há de vir. Novos horizontes chegam, outros não consigo ver. Quero perder tempo demorando em olhar meu hoje, é o que tenho nas minhas mãos entreabertas. Basta um sopro, e meu hoje se vai, trazendo-me o amanhã. Talvez seja inverno. Anseio pela água que pode me trazer a coragem de perder, não o compasso, porém o que é próprio do tempo anunciado.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Aos meu amigos...


Amigo a gente sente. Eu sinto.Hoje queria gritar pro mundo o significado da palavra amizade. Porém, acho que qualquer palavra significante não abrange tudo que quero expressar. Então, quanto ao significado, hoje, me calo.Melhor senti-lo. Deixo que seja. Isto é e basta. Sou mais eu porque tenho amigos. Alguns passaram por épocas da minha vida mais intensamente e não passaram, quando nos encontramos, a essência é a mesma, os caminhos são diferentes, as vivências também, porém os laços são fincados na raiz do tempo que passa, mas não deixa passar o que se é. Os novos já surgem nas avenidas e curvas da estrada da minha história. A vida é mais intensa quando há encontros e relacionamentos congruentes, devolve-me a minha inteireza. Sou feliz por todos os que compõe uma partitura linda na melodia do meu coração. Jóias raras que tenho na vida: amigos. Sinônimo de vida, compreensão, espelho, ponte, cuidado, laços...De novo o significado se perde em sua abrangência. Cada um é o que é. Deus sabe do que preciso. Ele é meu melhor amigo. O tempo também é amigo. Ele passa com lembranças, colorindo a minha vida, povoando meu ser.Cada um com seu único e belo significado, trazendo o dom de si. E eu me dou e sou. Eu, com meu jeito, minhas virtudes e limites, com minhas necessidades que tem suas medidas. Às vezes preciso de solidão. Outras vezes de verdades. Amigo compreende. Tem o dom de acolher minhas necessidades. Que dom precioso. Alegria sem fim...No meu coração há pegadas, encontros, plenitude, partilha do ser.Nada se compara a riqueza de um amigo. Aos meus amigos eu declaro: Vocês são essenciais. Sempre. Amigo a gente sente.

“ Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” Saint Èxupery

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tempo que passa...


2008.Tempo que passa por mim. Eu que passo pelo tempo.
Passei por aqui e deu-me a sensação de desistência da palavras escritas. Não. Não posso calar. E não me calei nesse tempo que estive ausente aqui. Talvez a ausência de pegadas aqui me fez parar por um tempo. Mas ausência não é tempo de parar. Hoje resolvi recomeçar esse espaço. Lançar-me ao desconhecido. Me atirar da janela do meu deserto e caminhar em direção a solos ainda não conquistados. A vida é aos poucos, no compasso do ritmo de cada um. Eu tenho o meu. Tenho minhas pausas.Tenho meus recomeços. Tenho inspiração, presente do viver.Ela requer cuidado e tem sua hora de aparecer.Quando surge, preciso agarrá-la.É Deus que me dá, quando Ele quer.
Setembro está passando. Assim como a primavera.As flores,minhas companheiras, estão gritando sua beleza do hoje. Depois, o vento e o tempo sempre traz uma nova estação. É assim que vivo,experimentando estações. Provando a experiência de viver.
Hoje,recebi um convite. Lançamento de um livro.E configurei-me nas palavras estampadas de lilás e amarelo. Não sei se vou. Mas valeu a pena encontrar-me estampada numa frase que está por entre algumas palavras do prefácio. Deixo aqui como fruto das minhas entranhas...
"Dá-me a vida, dá-me sentimento e eu te darei: POESIA."